26
jun

“A ignorância do ministro interino da Saúde é ofensiva”, dizem farmacêuticos

Organizações que representam a categoria farmacêutica em Santa Catarina emitiram nota em que repudiam a declaração do ministro Ricardo Barros: "Os farmacêuticos brasileiros (…) não se ofenderam por constar em um discurso na mesma frase que benzedeiras. Benzedeiras têm um valor reconhecido até pela ONU. A ignorância do ministro interino da Saúde é ofensiva. A incapacidade de compreensão técnica do gestor público é que revolta."

Pelas redes sociais, farmacêuticos também manifestaram-se contra o posicionamento descabido do ministro.

Leia a íntegra da nota:

 

FARMACÊUTICOS CATARINENSES EM NOTA DE REPÚDIO AO MINISTRO DA SAÚDE

Ponte para o Passado

Os farmacêuticos catarinenses vêm a público repudiar o teor da declaração emitida nesta sexta, 24, pelo engenheiro Ricardo Barros, ministro interino da Saúde, que viralizou nas redes sociais – acompanhada de milhares de manifestações de rejeição da categoria farmacêutica brasileira, emanadas de organizações, entidades e profissionais do setor.

Em síntese, durante uma atividade na cidade paranaense de Ponta Grossa, o ministro disse que vai manter o programa Mais Médicos porque "é melhor um médico cubano do que um farmacêutico ou uma benzedeira para atender à população".

É uma dessas asneiras que já nascem imortais.

No mínimo, porque revela de forma crua a folclórica falta de domínio de um gestor público sobre a área que deveria administrar.
Mas a boca fala do que o coração está cheio, então é preciso avaliar o pronunciamento de Ricardo Barros dentro do contexto da política ministerial ora em curso.

O engenheiro já assumiu o Ministério da Saúde mal-disfarçando o desprezo pela premissa constitucional de que a saúde é direito de todos e dever do Estado.

Não se mostrou conformado com os pilares de integralidade, universalidade e gratuidade do SUS. Anunciou que queria diminuir o SUS, considerado por ele  um sistema muito grande – e foi obrigado a retratar-se da declaração, tangido pelos ditames do politicamente correto. Mas segue na marcha da insensatez, empenhado em reduzir o SUS a uma colcha de retalhos de programas básicos sem fontes claras de financiamento.

O ministro interino esforça-se não apenas em ignorar 30 anos de conquistas sociais na promoção da saúde pública. Ainda elabora projetos de lei para ressuscitar um modelo de exclusão social e  restrição de acesso ao cuidado que foi jogado na lata do lixo da História.

Naturalmente, o engenheiro interino na Saúde nega em público o que acaricia em segredo com orientações políticas na Esplanada dos Ministérios. Vez por outra, a verdade explode em declarações como a desta sexta – e então merece o repúdio formal e explícito de todas as entidades que subscrevem esta nota.

É curioso que no seu discurso o ministro Ricardo Barros ao mesmo tempo tenha insultado benzedeiras – detentoras de conhecimentos  tombados como patrimônio cultural imaterial da Humanidade – e a ciência farmacêutica, com 200 mil profissionais indispensáveis na execução multidisciplinar das políticas sociais de saúde pública, um fato incontestável que o gestor da pasta da Saúde deveria não só conhecer como enaltecer.

Os farmacêuticos brasileiros, em suas manifestações sociais de repúdio ao leigo ministro da Saúde, defenderam a Ciência, a Responsabilidade Técnica, o conhecimento, o estudo e os fundamentos multidisciplinares que sustentam o SUS – mas não se ofenderam por constar em um discurso na mesma frase que benzedeiras. Benzedeiras têm um valor reconhecido até pela ONU.

A ignorância do ministro interino da Saúde é ofensiva. A incapacidade de compreensão técnica do gestor público é que revolta.

Se o principal desafio de um gestor – qualquer gestor – é formar e manter equipes qualificadas e motivadas, o ministro interino Ricardo Barros promove política de terra arrasada, desqualificando o SUS e os profissionais de saúde que compõem o complexo Sistema Único de Saúde que ele desconhece e ataca.

A categoria farmacêutica brasileira – em especial a notável e qualificada geração de farmacêuticos catarinense – não é diminuída pela fala do ministro mas, reage a ela, acendendo um alerta: a sociedade brasileira deve ficar muito atenta a este momento porque a diretriz política em gestão parece estar construindo a primeira "ponte para o futuro" que conduz ao passado.


Sindicato dos Farmacêutico de SC

Conselho Regional de Farmácia de SC

Coordenações dos cursos de farmácia: UNIBAVE, UNOESC Videira, UNOESC São Miguel do Oeste, UNIVALI, UNESC, UNIARP, UNISUL

-Anfarmag SC

-SBFFC SC

-Associação de Farmacêuticos da Região da AMURES

-Associação de Farmacêuticos da Região de Chapecó

-Associação de Farmacêuticos do Alto Uruguai Catarinense

-Associação de Farmacêuticos da Região do Alto Vale do Rio do Peixe

-Associação de Farmacêuticos Proprietários de Farmácia do Basil

-EREFAR SUL

-SBAC SC

-Farma&Farma

-Masterfarma

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