Campanha salarial em tempos de crise econômica

Embora a malfadada crise atinja também o empresariado, o risco de rarear o alimento na mesa do patrão é sempre mais baixo.

 

Se 2016 foi um ano cheio de surpresas do ponto de vista político, não havia dúvidas sobre o agravamento da crise econômica. As previsões de um ano difícil, com baixa recuperação do crescimento, foram confirmadas. Os reflexos ficaram claros nas negociações salariais das categorias. Enquanto algumas conquistaram a duras penas a reposição das perdas – caso dos farmacêuticos catarinenses que alcançaram o reajuste equivalente à variação do INPC – outras recorreram a dissídio, sem garantias de aumento pela Justiça do Trabalho.

Santa Catarina tem uma das capitais em que o custo de vida é mais alto. Em novembro, Florianópolis registrou a segunda cesta básica mais cara do país. Segundo o Dieese (Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos), os itens prioritários de alimentação custaram R$ 466,25 na capital catarinense. No ranking do país, apenas Porto Alegre (R$ 469,04) tem a cesta básica mais cara.

Pelos cálculos do Dieese no penúltimo mês do ano, o salário mínimo ideal para suprir as necessidades de uma família composta por quatro pessoas deveria ser de R$3.940, valor 4,48 vezes acima do atual (R$ 880).

Além destes fatores, uma campanha de desmonte vem colocando em risco vários direitos dos trabalhadores. O congelamento dos gastos públicos com a Saúde e da Educação, anunciados pela PEC 55 e que gerou manifestações país afora; e a reforma da previdência, que rifa a aposentadoria de quem mais precisa e mantém privilégios; são duas das desastrosas medidas que, sob o pretexto de economizar nas contas públicas, corta justamente de quem tem maior necessidade dos serviços sociais.

 

Negociações 2017

 

Diante deste cenário crítico é que a categoria farmacêutica inicia sua campanha salarial. Ninguém melhor do que o/a próprio/a trabalhador/a assalariado/a para entender o que é a crise. É quem depende do salário pago a cada fim de mês sente com mais força a defasagem da folha na hora de pagar as contas de água, luz, aluguel ou prestação da casa própria, mercado, educação dos filhos e filhas. Embora a malfadada crise atinja também o empresariado, o risco de rarear o alimento na mesa do patrão é sempre mais baixo.

 

Por isso, é preciso manter firmeza no diálogo com os patronais. “Sabemos que as negociações serão complicadas. Os colegas precisam estar atentos às chamadas do sindicato durante a campanha”, alerta a presidente Fernanda Mazzini.

 

Pauta enxuta

 

As assembleias do mês de dezembro geraram uma pauta austera, com poucas porém importantes sugestões de inclusão na pauta a ser apresentada para os sindicatos patronais.

A meta segue sendo evoluir na equiparação com o maior piso do Estado: o salário dos colegas do comércio varejista da região de Itajaí.  Mais uma vez, a participação fortaleceu a pauta dos farmacêuticos hospitalares. Mesmo tímida, houve representação dos colegas que atuam nas análises clínicas.

 

Veja algumas das propostas aprovadas pela categoria para negociação:

 

– Reajuste salarial com ganho real escalonado, buscando a equiparação do salário dos hospitais, laboratórios, distribuidoras, transportadoras, indústrias, farmácias e drogarias do Estado ao piso do comércio farmacêutico na região de Itajaí.

– Adoção de refeitório nas distribuidoras, considerando a distância destes locais de trabalho com restaurantes e locais adequados para as refeições dos seus/suas funcionários/as.

– Adoção do auxílio-creche para os farmacêuticos da área hospitalar.

– Adicional mensal equivalente ao valor da cesta básica, conforme cálculo do DIEESE.

– Triênio (reajuste de 3% a cada três anos na empresa) para todas as áreas de atuação

– Prêmio assiduidade;

 

Veja a pauta completa e acompanhe todas as informações sobre as negociações

 

Publicado na revista Espaço Farmacêutico, edição 22

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