18
fev

Como alcançar o mesmo piso para a categoria farmacêutica no Estado?

Há cinco anos, os farmacêuticos que atuam nas farmácias e drogarias da região de Itajaí tem piso salarial mais elevado que os do restante das regiões. Em 18 cidades catarinenses, os colegas ganham mais do que em muitas capitais do Brasil. Em contrapartida, nos demais 280 municípios, a categoria ganha 17% menos. Há ainda os profissionais da indústria, laboratórios, distribuidoras, hospitais e transportadoras com salários diferenciados. São 8.946 farmacêuticos inscritos no Estado com a mesma formação, mas folhas de pagamento diferentes. Você sabe por que isso acontece? E – mais importante – como podemos virar a mesa e mudar esta história?

 

Como se estabeleceu a diferença salarial

Todos os anos a cada negociação, o SindFar propõe aos patronais mesma pauta de reivindicações, que é definida pela assembleia dos farmacêuticos. Isso ocorre desde meados da década de noventa, quando o sindicato começou a negociar o piso da categoria com os patrões do comércio. A convenção dos hospitais foi a primeira a se diferenciar, procurando atender a necessidades específicas dos farmacêuticos que trabalhavam neste setor.

Nos anos 2000, abriram-se as negociações com empresas de outros ramos de atuação do farmacêutico (laboratórios, indústrias, distribuidoras e transportadoras). A intenção era ajustar as condições de trabalho dos farmacêuticos às diferentes realidades (jornada, nível insalubridade, etc). Ocorre que cada sindicato patronal demonstra diferente nível de disposição em valorizar o profissional. Por muitos anos, o Sindicato dos Laboratórios, por exemplo, concedeu ganhos reais expressivos, o que fez com que os analistas clínicos figurassem como a parcela mais bem remunerada da categoria. Já na Indústria, os baixos reajustes concedidos pela FIESC faz com que o piso previsto em convenção seja o mais baixo do Estado há anos, restando ao profissional negociar com o próprio empregador para atingir salário justo.

O desnível salarial no comércio varejista começou em 2005. Até então, os sete sindicatos patronais de cada região do Estado negociavam conjuntamente a convenção com o SindFar. A convenção 2005/2006 estabelecia como piso R$ 1.022,00 para todos os profissionais do Estado.

Em 2008, o Sindicato patronal da região da Grande Florianópolis não aceitou conceder o mesmo reajuste que as demais regionais. Assim, o piso na região da capital ficou em R$1450,00, enquanto as empresas de todo o restante do estado pagavam R$ 1.500,00.

Em 2009, o sindicato patronal da região de Itajaí, com um profissional farmacêutico à frente, manifestou intenção de promover maior valorização da categoria. Os demais sindicatos, entretanto, não concordaram. O sindicato da região de Itajaí passou, então, a negociar separadamente dos outros patronais e concedeu, pela primeira vez, um reajuste mais elevado. Deste então, este processo vem se repetindo, sem que os proprietários das farmácias das demais regiões sinalizem com avanços significativos.

 

Sem mobilização não há solução

A fórmula para superar o desnível salarial e alcançar a isonomia salarial, com piso justo para todos é a pressão. É preciso que haja luta permanente das lideranças farmacêuticas pela valorização da profissão e do trabalho farmacêutico. É fundamental que o profissional construa a valorização no cotidiano, demonstração a importância do seu papel no seu local de trabalho. E, sobretudo, é imprescindível que sindicato e farmacêuticos mostrem capacidade de mobilização.

“Precisamos dos colegas ao lado do sindicato na formulação da pauta e das estratégias de negociação. Que participem ativamente das assembleias e reuniões de negociação para mostrar que estão atentos e mobilizados. Enquanto a categoria não se unir e lutar por seus direitos não conseguirá avançar”, alerta a presidente Fernanda Mazzini.

A cada ano, uma nova negociação constrói a possibilidade de reivindicar aos patronais a isonomia salarial. Mas para isso virar realidade, é preciso que os farmacêuticos reajam. “Nenhuma categoria conseguiu valorização sem luta. Os patrões precisam sentir que os farmacêuticos não estão contentes com o salário e que merecem ser valorizados”, afirma Nanda. Segundo ela, a pauta precisa ser defendida para além da mesa de negociação. “É preciso dar visibilidade à nossa luta: responder aos chamados do sindicato para mostrar adesão à campanha, divulgar a pauta, discuti-la e explicá-la aos colegas no local de trabalho. A nossa valorização e o nosso salário aumentam na medida da nossa mobilização. Sem isso, os patronais repetem o que dizem ao SindFar na mesa de negociações: ‘os farmacêuticos não parecem descontentes’ “, finaliza.

 

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