04
fev

Mais genéricos vão chegar às farmácias

São Paulo – A indústria de medicamentos genéricos anunciou ontem crescimento de 19% do total de unidades vendidas em 2009 em relação ao ano anterior, além de incremento de 24% no valor das vendas, que somaram R$ 3,6 bilhões. O aumento das unidades comercializadas é 2,3 vezes maior que a média do setor farmacêutico em 2009.

Além disso, a patente de oito drogas vence neste ano e elas poderão ser copiadas e comercializadas por valores, em média, 45% mais baixos, caso não haja decisões judiciais que impeçam isso, informou o setor. É o caso do Viagra (sildenafil), droga contra a disfunção erétil e cuja patente também vence neste ano. Porém, ele não será copiado enquanto for mantida decisão judicial que estendeu sua patente até 2011.

“Estamos de mãos atadas. Ninguém lança uma cópia enquanto não tiver a segurança jurídica”, afirmou Odnir Finotti, presidente da Associação Brasileira das Indústrias de Medicamentos Genéricos (Pró Genéricos). A indústria prometeu para o fim de 2010 a chegada ao mercado do genérico do Diovan (valsartana), da Novartis, produto contra a hipertensão arterial e que custa até R$ 44,32 a caixa de 40 mg com 14 comprimidos.

Os problemas do coração são a principal causa de adoecimento e morte no país e a droga também é considerada uma das mais prescritas no país. Estima-se que a hipertensão atinja 30% dos brasileiros adultos. Ainda na área cardiovascular, o setor promete para o início de 2011 a chegada ao mercado da cópia da atorvastatina (Lípitor), droga do laboratório Pfizer para controle do colesterol uma das mais vendidas no mundo. Atualmente, o custo de uma caixa do remédio pode chegar a R$ 119,32, uma caixa de 30 comprimidos com 10 mg.

Contestação – A Pró Genéricos contesta no Tribunal Regional Federal a extensão de patente obtida pelo laboratório Pfizer para o Viagra. No caso do Diovan, porém, a indústria de genéricos está pronta para iniciar a produção de cópias porque a detentora da patente teve negados os pedidos de extensão. Já no caso do Lípitor, a empresa conseguiu a extensão na Justiça, que acaba no fim deste ano.

Os genéricos brasileiros, que no ano passado completaram 10 anos de regulamentação, têm hoje 19,4% do mercado farmacêutico, contra 17% em 2008, um desempenho considerado bom pelo setor, mas tímido se comparado ao de outros países, reconhece Finotti. “Nos EUA, chega a 70%. O nosso mercado está bem distante”.

O porcentual ainda está longe da meta do programa Mais Saúde, o chamado PAC da Saúde, prioridades do Ministério da Saúde para a área e que estimou que os genéricos deveriam abocanhar 30% do mercado até 2012. O dirigente avalia que dois fatores limitam o setor: resistência dos médicos de prescrever pelo nome genérico da droga e a permanência no mercado dos similares, que não passaram pelo teste de bioequivalência.

Além disso, a indústria avalia que a queda de preços dos genéricos já chegou a um limite. As empresas só terão como reduzir os valores se mais produtores ingressarem no setor, aumentando a concorrência, o que depende de incentivos para o complexo industrial da saúde.A indústria e o governo reconhecem que, para as camadas mais pobres, são necessárias outras medidas para garantir acesso aos remédios. Finotti espera que com o Diovan e o Lípitor os genéricos fiquem com 22% do mercado.

Do Diário de Pernambuco

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