30
mar

Pedro Hallal mostra ao CNS o tamanho do crime: Dos 300 mil óbitos por covid, 75% poderiam ter sido evitados

O epidemiologista Pedro Hallal, ex-reitor da Universidade Federal de Pelotas (UFPel) e coordenador da pesquisa Epicovid afirmou em reunião virtual do Conselho Nacional de Saúde (CNS), realizada em na quarta-feira (24/03) com vários especialistas em saúde, que 225 mil mortes por Covid-19 poderiam ter sido evitadas no Brasil caso a conduta do Estado tivesse sido diferente.

O Brasil bateu nesta sexta-feira (26/03) o seu próprio recorde macabro: 3.650 óbitos por covid-19 nas últimas 24 horas. “Mesmo com falta de dados represados últimos 2 dias”, observou no twitter o professor Miguel Nicolelis. Segundo o painel do Conselho Nacional de Secretarias de Saúde, o Painel Conass Covid-19, já são 307.113 óbitos e 12.404.414 casos confirmados.

Fonte: Painel Conass Covid-19, 26/03/2021

As médias móveis de casos e óbitos confirmados são ascendentes. Os seus picos não se referem às pessoas que estão se infectando agora pelo novo coronavírus. Refletem o número de pessoas que se infectaram há 15 dias, em média.

São Paulo lidera a tragédia nacional, como pode ser visto no quadro abaixo. Seguem-no Minas Gerais e mais os três estados da Região Sul: Paraná, Rio Grande do Sul e Santa Catarina.

225 mil mortes poderiam ter sido evitadas

O mais cruel e criminoso: dos 300 mil óbitos registrados no Brasil por covid-19, 225 mil poderiam ter sido evitados, segundo o epidemiologista Pedro Hallal. Ele destaca que  “O Brasil é uma ameaça à saúde pública mundial. Somos uma fábrica de variantes”.

Hallal apontou vários dados preocupantes:

— Na pandemia, o Brasil contabiliza 25% das mortes no planeta. Só nas duas últimas semanas concentrou 10,8% dos óbitos.

— “Temos um desempenho 10 vezes pior em relação ao mundo”.

— “Não existe argumento científico que justifique esses números como aleatórios. A estrutura do SUS nos daria possibilidade de sermos referência mundial no enfrentamento à Covid. 225 mil dos 300 mil óbitos poderiam ter sido evitados. Já são mais de 12 meses de negacionismo”.

Para Hallal, sem testagem em larga escala e rastreamento de contato, “fatores que nunca foram priorizados no Brasil”, não é possível enfrentar a pandemia.

Ele também destacou como problemas a desinformação e o não cumprimento do lockdown, além do incentivo governamental para o uso de cloroquina.

Para Hallal, é necessário, pelo menos, 1,5 milhão de doses de vacina por dia para reverter a crise sanitária e evitar mais mortes: “Precisamos de uma aliança nacional e internacional pela disponibilização de doses da vacina”.

Fonte: Viomundo
Publicado em 29/03/2021

Compartilhe a notícia